Alegria alheia

Uma semana sem post? Pois é, uma pequena exceção, mas justificável: estava em Londres no fim de semana passado e por isso não consegui atualizar o blog. Aliás, na semana que vem, contarei um pouco de como foi a minha primeira experiência em terras inglesas.

Nesta semana fui presenteado com um vídeo muito bacana, gravado durante o show que o Duran Duran fez em Brasília há alguns dias. No trecho, o vocalista Simon Le Bon convida a cantora Fernanda Takai para um dos pontos altos da apresentação: a música “Ordinary World”, mega sucesso da banda inglesa e que Fernanda regravou numa simpática versão em seu último álbum solo, “Luz Negra”.

Como tudo parece estar conectado, li nestes dias que o Duran Duran será a banda que fará o show oficial de abertura das próximas Olimpíadas, que começam daqui a algumas semanas em Londres. Na sequência, recebi esta gravação do show com a Fernanda. Coisas da vida…

O que poderia ser uma simples participação especial num show internacional – o que já seria digno de uma nota em colunas de cultura por ai – para mim, ganhou um significado especial. Isso porque sou um fã de longa data de Fernanda e do Pato Fu. Talvez, este grupo tenha sido o que eu mais tenha acompanhado de perto (quem me conhece sabe o quanto eu gosto deles). Foram tantos shows que eu perdi as contas. E depois veio a carreira solo da Fernanda, que não saiu do meu radar. Por esta longa “convivência”, sinto-me um tanto conectado ao trabalho da banda e de seus integrantes, que eu admiro muito pela criatividade, simpatia e alto astral permanentes.

Por tudo isso, sei que a Fernanda é uma fã inveterada do Duran Duran. Assistindo o vídeo, fiquei feliz por ver que ela estava feliz, realizando um sonho, fato comprovado por um post em seu site. Ela ali, cantando ao lado do vocalista do Duran Duran, era o registro de um momento que, tenho certeza, será na sua história “um dos dias mais legais da minha vida”.

Fazer algo que muito se quer, o vulgo “realizar um sonho”, traz sensações únicas. Talvez seja isso o que as pessoas chamem tanto de felicidade, um momento que te gela a espinha, onde seus pés flutuam e seu estômago revira. Eu, ainda bem, já consegui realizar alguns sonhos por ai. Alguns tão simples que, se eu contar, muitas pessoas olhem e se espantem, dizendo “mas era só isto?”. Porém estes sonhos tinham todo um significado para mim. Certeza que para a Fernanda, cantar ao lado de um dos seus ídolos era algo impensável há 20 anos. Hoje, é uma lembrança real, de um acontecimento real.

Seu jeito de cantar, sua expressão, sua alegria no palco eram singulares, quase como a de uma criança que ganha o presente que realmente queria no dia do aniversário. Algo tão forte que se tornava contagiante. Se existe a expressão “vergonha alheia”, quando alguém sente vergonha por outra pessoa, eu, vendo aquele vídeo, tive um instante de “alegria alheia” por poder compartilhar deste momento de extrema felicidade.

Isto me fez lembrar uma amiga que, no começo do ano, participou de um projeto junto a diversos fãs do Red Hot Chilli Peppers, no Rio de Janeiro. Este grupo de pessoas se reuniu e gravou um vídeo (muito bem feito, por sinal) da música “Did I let you know”, do último álbum da banda. O clipe ficou tão bacana que a gravadora dos Peppers, a Warner, disponibilizou o vídeo em seu canal próprio no Youtube. A homenagem chegou ao conhecimento da banda que agradeceu os fãs por meio de uma mensagem em seu site oficial. Bom, a alegria da minha amiga contando tudo isso era tão grande, tão contagiante, que era impossível não ficar feliz por ela. Ela postou o vídeo no seu perfil no Facebook, participou de entrevista na MTV contando sobre a experiência, vibrou por cada feedback positivo que a ação recebeu – e foram muitos: o vídeo tem mais de 100 mil visualizações no Youtube. O que deixou esta minha amiga muito feliz e me proporcionou mais um instante de “alegria alheia”.

De sonho em sonho, lembrei também do trabalho de uma ONG que eu acho fantástica, a “Make a Wish” – traduzindo, faça um pedido. Espalhada pelo mundo inteiro, inclusive com sede no Brasil, ela ajuda crianças e jovens portadores de doenças graves a realizarem sonhos, seja do tamanho que for, seja qual for: pode ser ir pra Disney, ganhar um cachorro ou andar de avião pela primeira vez. Os voluntários que trabalham na Make a Wish batalham para conseguir transformar estes sonhos em realidade. Navegando no site da instituição, você conhece histórias comoventes. Muitas delas estão conectadas a existência de um grande ídolo: um cantor, uma atriz, um jogador de futebol… Por sorte, muitos dos que são chamados para a realização de um sonho no Make a Wish topam participar. Se a realização destes sonhos não traz a cura para estas crianças e adolescentes, ao menos dá muito mais força e ânimo para enfrentar uma fase difícil, proporcionando qualidade de vida para eles, para os amigos e para a família. Clique aqui e entre no site da Make a Wish para ler ao menos uma das histórias contadas ali. Depois me conte o que sentiu lendo este relato.

Por isso tudo eu penso que um sonho jamais deve ser ignorado, abandonado ou esquecido. Ele dá forças, dá sentido e serve como recompensa pelas coisas ruins que enfrentamos todos os dias. Seja um sonho grande, seja um pequeno, a vida vale a pena por estas conquistas. Sonegá-las é um vandalismo a si próprio. Além disso, um sonho não é uma conquista egoísta, é um ato compartilhado. Quem gosta de você, quem te admira ou quem está por perto irá partilhar da tua empolgação. Realizando um sonho teu, seguramente, você estará fazendo mais que o teu dia feliz, ajudará muita gente a sentir esta tal “alegria alheia”.

Eu tenho ainda vários sonhos e, na certeza que vou conseguir vive-los, sigo em frente. E você, qual o sonho que te move?

Enquanto você pensa, curta um pouco da versão de “Ordinary World” feita pela Fernanda Takai.

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Um pensamento sobre “Alegria alheia

  1. alinebianca disse:

    Um dos posts mais lindos que vc escreveu! Parabéns por conseguir transmitir tão bem a “alegria alheia”.

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